Antigo escritório da Just em SP

Só sobreviverá quem for ágil de verdade

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Vivemos um momento nunca vivido que tem forçado todas as empresas, pessoas e governos a se reorganizar rapidamente.

Como sempre em momentos de crise, a frase clássica que toma espaço é, que em toda crise existe oportunidade, e nesta, as oportunidades são ainda imensuráveis, mas certamente são muitas. O que resta saber é se saberemos aproveitar.

O mercado está mudando numa velocidade ainda maior do que já vinha mudando. Empresas 100% digitais tiveram aumento de demanda, empresas dependentes do mundo físico tiveram baixa ou nada de demanda e as empresas com modelos híbridos tem demanda no digital e não tem demanda no físico.

Apertaram o botão de 10x na velocidade deste filme da vida. As mudanças estão vindo sem deixar muitas opções, ou se reinventa ou morre.

Para se reinventar, reduzir custo onde pode e investir onde trará mais resultado é preciso…. adivinha… vai precisar da AGILIDADE!

Como você mexe em uma estrutura e entrega valor rápido se os processos são lentos, burocráticos, se você não tem visibilidade onde tem gordura e onde tem escassez.

O mais difícil para as empresas que não são digitais e não são ágeis é que elas são reféns de seus próprios dogmas. É difícil pensar simples, quando a vida inteira pensou de forma complexa.

Vivemos um mundo complexo e volátil, mas as soluções que resolvem de verdade os problemas deste mundo são simples. E o difícil é sempre chegar nelas, ou aceitar que esta simplicidade pode resolver necessidades complexas.

A maior oportunidade está em se desprender de velhos conceitos. Desapegar da falsa sensação de controle e se abrir para algo novo, mais aberto, e que exige mais do que tudo, maturidade e pessoas engajadas, novas lideranças, novos processos e novas formas de medir resultado.

Não digo que agilidade é uma oportunidade, pois ela é premissa. Para aproveitar as oportunidades você precisa dela.

Responder a mudanças e se adaptar

Muito se falava em digital, mas estes dias ouvi o CFO do iFood numa live e achei bem simples a forma como ele colocou. Digital, nunca foi e nunca será apenas tecnologia e estar presente digitalmente. É uma coisa maior, é repensar o modelo de forma diferente, ter como escalar e desescalar rapidamente. É ser enxuto e rápido para mudar de direção. Se analisarmos a agilidade, seus fundamentos nada mais são dos que os fundamentos necessários para ser de fato digital.

Tenho ouvido muito sobre a pandemia ter acelerado a transformação digital, mas o que vemos na realidade é que ela até o momento só pode ser associada a uma aceleração via tecnologia do instinto de sobrevivência. Ainda não sabemos se isso irá mesmo entrar no DNA das empresas ou se é algo momentâneo.

Minha visão é de que quanto menos tempo durar a quarentena, menos resultados teremos neste sentido, pois o desejo de voltar ao “normal”, ao que era antes, é enorme. Coisa de nós humanos né, que em grande maioria, somos resistentes a mudanças.

Veremos sim mudanças importantes, mas não sei se suficientes para dizer que passamos da fase de transformação digital ou mesmo se avançamos significativamente nela.

Vejo adaptações importantes sobre a forma de trabalho, times que não eram ágeis tentando se achar entre ferramentas que nunca utilizaram, se comunicar como nunca fizeram e “penando” diariamente para conseguir ter visibilidade do andamento. E os processos internos, que muitos mudaram, as pessoas estão perdidas, pois alguns destes processos estão impossibilitados de acontecer ainda e as pessoas não sabem muitas vezes qual caminho devem seguir para resolver a questão.

Acho que a maior transformação virá depois, quando as empresas começarem a ser cobradas por processos e modelo de trabalho que funcionaram durante a quarentena, que ainda estão sendo pensados e adequados de forma provisória e não definitiva. Meu medo é estarmos fazendo puxadinhos e não aproveitando a crise de verdade.

Adeus, agilidade nas paredes

Não existe mais espaço para times que dependiam de interação física. Não tem mais espaço para o movimento que as empresas estavam em internalizar colaboradores pois os times tinham que trabalhar juntos fisicamente. Não tem mais espaço (e em breve não haverá espaço físico literalmente, com escritórios menores) para ideações cheias de rituais que são muito legais fisicamente e massantes virtualmente. Não há mais espaço para custos desnecessários com deslocamentos, com tempo perdido. Não há mais espaço com abordagens ágeis que não são ágeis de verdade. Não há mais espaço para querer ver tudo o que está acontecendo sem ter um bom mapeamento da sua cadeia de valor.

Nós de TI, costumamos achar que este processo é algo simples, natural, que trabalhar de casa funciona, mas dentro destas mesmas empresas que já tem grandes iniciativas de agilidade, diversas áreas sequer testaram este modelo, ainda mais a distância, não tem ferramentas para promover visibilidade, acompanhamento do processo. Sempre esquecemos também quanto tempo a TI demorou para se transformar.

O que estou tentando dizer é que não existe mais espaço para a falsa agilidade, ou a empresa abraça BUSINESS AGILITY, Lean, Kanban e traz para a organização algo maior, mais amplo, que possa de fato trazer agilidade ou continuaremos com muito attrition entre as áreas, ou iniciativas isoladas baseadas em agilidade, mas que não são agilidade para o negócio.

A realidade bateu na porta, desta vez não como oportunidade, mas como necessidade.

Precisa ser digital, precisa ser ágil. E é preciso ser ágil para então ser digital.

A prova de que a agilidade não dependente de standup meeting, que agilidade não depende de dinâmicas físicas, que agilidade não depende de post it na parede é este momento de pandemia. Está ganhando quem tem no sangue a agilidade.

Agilidade é entrega de valor na ponta, é transparência e visibilidade, é comunicação constante e não apenas em cerimônias, é ser enxuto o suficiente, controlar o que é necessário, ter processos simples e eficazes. E agilidade não é agilidade só em um pedaço da empresa.

Ahhh, os processos internos

Aqui é uma gigante oportunidade. Sabe aquele peso que tem para mudar de direção? Então, ele é muito menos relacionado ao tamanho, e muito mais relacionado a “gordura”. Processos demais, gente demais, steps demais, controles demais… QUE DIGA-SE DE PASSAGEM, muitas vezes burlados pela própria empresa quando precisa mesmo avançar mais rápido. (quem nunca vivenciou algum by pass no processo interno?)

O mundo pós pandemia pode não mudar tanto do que foi até antes dela, mas uma coisa todos precisamos concordar… serão tempos de desafios econômicos, o famoso fazer mais com menos.

O que isso significa? Automação, simplificação, inteligência artificial, robotização, digitalização. E mais uma vez… como se entrega isso?… com A-GI-LI-DA-DE!

A oportunidade de rever processos, é muito mais que uma oportunidade, é um chamado, uma última chance que você tem para sobreviver.

Ou simplifica, fica leve, tira o excesso de peso, ou vai ficar pra trás até precisar ser entubado com o tão escasso respirador, na corrida corporativa.

Não estou aqui falando sobre home office, vídeo com Zoom, que é o que mais se fala atualmente.

Estou mostrando que você precisa aprender a escolher fornecedores sem ter que pedir presença física em reuniões. Tem que aprender a usar o zoom e as salas de conferência que montou para acelerar de fato o negócio em todas as suas esferas e não só em pandemia. Que seu RH precisa fazer boas contratações remotamente. Que você precisa usar gente em todos os estados do país ou mesmo fora do Brasil e não só nos grandes centro, pois isso mais do que viável é uma contribuição social e uma baita oportunidade de desenvolvermos novas regiões. Que você pode escalar seu negócio sem escalar tanto seus custos fixos. Que atender bem não é atender presencialmente. Que seu processos de contratos podem ser digitalizados. Que você precisa rever a forma de aprovar projetos nos seus comitês, encurtar isso de alguma forma, priorizar e re-priorizar rapidamente não só na crise mas o ano todo, que é necessário entregar mais, ser mais maker do que executivo.

Mapeie todos os seus processos. Entenda como é hoje. Priorize pelo que mais traz valor pro negócio. Coloque sobre a ótica do seu cliente, isso, coloque finalmente seu cliente no centro. E então, rasgue todos estes papéis, jogue no lixo e redesenhe cada processo, um a um, como se estivesse recomeçando. Traga gente nova para para contribuir, traga cabeças diferentes, traga como premissa a simplicidade e tenha clara suas premissas e objetivos com cada processo. Tenha certeza, é muito, mas muito possível, simplificar, reduzir custo e ser mais rápido e eficiente com estes novos processos.

Umas regrinhas básicas da agilidade podem ajudar:

Em resumo, use muitas das práticas que está adotando de forma desordenada e forçada agora, e incorpore como o seu novo padrão.

Agilidade em nível estratégico

Tornar a sua empresa ágil é um enorme desafio. Mas tenha certeza, todo mundo que está na sua empresa quer uma empresa mais ágil. Por mais que às vezes pareça que não, que existam áreas que jogam contra, na realidade elas não estão jogando contra, apenas estão jogando como estão estruturados para jogar.

Está na hora de levar a agilidade para a camada estratégica. A agilidade operacional não é a solução, ela será necessária, mas sozinha não resolve o problema.

É preciso criar novos negócios, novos modelos de negócio, atender novos tipos de clientes, ou mesmo atender o seu cliente antigo que mudou de comportamento.

Ou eleva o nível da agilidade, leva ela para todos os cantinhos mais escondidos da sua empresa, ou, será um herói se conseguir sobreviver a médio e longo prazo.

Afinal, o que importa não é o seu time lá na ponta da cadeia de valor entregar rápido, é entregar mais valor, ser mais cirúrgico, e de nada adianta ser ágil na ponta e lento em todo o processo de definição do portfólio, aprovação, contratação…

A maior lentidão das empresas, acredite, não está no final do processo…

O que vem depois desta pandemia, como podemos olhar lá na frente?

Bom, existem mais dúvidas e incertezas do que certezas. E como se lida com incertezas? Como se lida com complexidade?  Adivinha… A-GI-LI-DA-DE! ops, aqui vai mais uma dica, ANTI-FRA-GI-LI-DA-DE.

É isso aí, serão tempos de muita incerteza, uma crise global, desta vez global mesmo, não as crises que chamávamos de globais antes. Esta, literalmente atingiu tudo e todos.

Se antes falávamos sobre o tal mundo VUCA, agora podemos podemos chamar de VUCAIC. Volatile, Uncertain, Complex, Ambiguous in Crise. Pode imaginar o tamanho do desafio né?

E para ajudar, este pós pandemia nem sabemos quando será, pois não temos vacina, então este vai e vem de quarentenas pode ser um ciclo ainda bem longo.

A Anti-Fragilidade entra neste contexto, afinal o “novo normal” traz inúmeros riscos a serem mitigados. É tentar prever o imprevisível, ou melhor, não prever mas precaver. Se ainda não conhece o conceito de Anti-fragilidade, busque ler o livro e várias citações feitas pelo Taleb e muitos outros que discutem a uns bons anos este pensamento.

Do outro lado vem a agilidade para trazer adaptações rápidas em um cenário que se movimenta de muitas formas e muitos lados até se achar no então “novo normal”.

Questiono este voltar ao “normal” em vários momentos, pois particularmente não quero voltar ao normal.

Não acho que devemos desperdiçar esta grande crise cheia de oportunidades! Isso mesmo, desperdiçar.

Temos inúmeras oportunidades de acabar com coisas que eram normais e não eram legais.  Porque voltar ao mundo normal…

Meu maior medo desta pandemia, não é a crise que ela possa criar e sim a crise que ela possa não criar. A financeira sabemos que vai acontecer, é previsível, mas a do incômodo para criarmos um novo amanhã, esta sim, ainda é uma incógnita.

Para lidar com a complexidade do mundo externo você precisa parar de lidar com a sua própria complexidade.


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